YNWA~Nós não estamos sozinhos~

TOKYOism03.09.2019

YNWA~Nós não estamos sozinhos~

Há um tempo especial com os cantores da canção azul e vermelha.
A braçadeira no braço esquerdo e a camisa número 10 nas costas, que me foram confiadas a partir deste ano, parecem um pouco pesadas.
Mas, no momento em que ouço 'You’ll never walk alone', sinto que 'não estou sozinho'.
Além do tempo dos sonhos――.
Keigo HIGASHI e a família de Tóquio caminham juntos, mantendo o mesmo ritmo.
Buscando a primeira conquista da Liga J1.

Se é Tóquio, é Yuruneba!!

Após a partida da 12ª rodada da J1 League contra Sapporo nesta temporada, o Ajinomoto, animado com a vitória por 2 a 0, foi envolvido por um grande coro de 'You’ll never walk alone'. A partir daí, essa canção vem se consolidando como o hino da vitória. Quem iniciou isso foi Keigo HIGASHI, que atua como capitão desde esta temporada.
Foi quando vi o vídeo da dança tradicional maori "Haka", que a seleção de rugby da Nova Zelândia faz antes dos jogos, em um site de vídeos. "Isso é incrível", fiquei hipnotizado. Pensando "Seria ótimo criar essa sensação de união no Ajinomoto", me ocorreu: "Com o FC Tokyo, é claro que é com o 'Yuruneba'!!"
"Este ano, especialmente porque estávamos vencendo em casa, quisemos transformar o sentimento de 'querer vencer mais, querer ficar mais empolgados' em algo concreto. Queríamos compartilhar esse sentimento com as pessoas que estavam presentes."
Essa ideia foi proposta aos fãs e apoiadores e realizada, mas havia também uma certa apreensão.
"Não sei se todos que vêm ao estádio vão conseguir cantar, e talvez nem fique animado"
Mas isso acabou sendo uma preocupação desnecessária. Com a euforia da vitória, desde o início a música Yuruneba tocou em alto volume pelo estádio. O próprio Higashi disse: "Estudei para conseguir cantar direito, não dá para quem sugeriu a ideia não saber a letra", e logo decorou a letra, cantando com força junto aos cantores azul e vermelho.
"Isto é incrivelmente agradável"
Foi um grande sucesso. Entre eles, os jogadores formados na academia receberam isso com entusiasmo. É uma música que ouviram e cresceram ouvindo desde a infância. Diante dessa cena, não há como não se emocionar.
"Fiquei feliz que Go HATANO, Tsuyoshi WATANABE e Kiichi YAJIMA disseram em uníssono 'É o melhor'. 'Seria ótimo se isso se tornasse parte do nosso dia a dia daqui para frente'. Foi um momento em que pensei assim."

Quero me apaixonar intensamente――. Se alguns anos atrás eu dissesse isso para Higashi, quem ficaria mais surpreso seria o próprio Higashi.
"Quando cheguei aqui, para ser honesto, não pensei profundamente. Jogar nas partidas havia se tornado algo natural, e em algum lugar minha ambição diminuiu. Eu dizia com palavras que não estava satisfeito, mas participei das Olimpíadas e, olhando para trás, acabei ficando satisfeito com isso."
Foi em 2013, no ano seguinte às Olimpíadas de Londres, quando avançaram às semifinais pela primeira vez em 44 anos, que ele vestiu o azul e vermelho. Naquela época, Higashi estava longe de ser alguém rude, mas de certa forma, estava desapegado.
"Eu achava que seria mais legal poder fazer tudo de forma inteligente. O importante é dar 100% nas partidas. Eu tenho meu próprio jeito de fazer as coisas."
Prioridade aos resultados em vez do processo. Se eu puder dar meu máximo no jogo, não importa se em alguns dias de treino eu não estiver tão motivado. Eu acreditava firmemente que esse é o mundo dos profissionais.

As costas que estavam lá

Não quero mostrar aos outros o esforço que faço. Tal talento abafado logo chega a um impasse. Em agosto de 2014, sofreu uma lesão muscular na coxa direita, resultando na primeira ausência prolongada desde que entrou no profissional. O diagnóstico indicou um tempo de recuperação de aproximadamente 6 a 8 semanas. Embora tenha retornado conforme o planejado após 2 meses, permaneceu sem a posição fixa e participou do restante da temporada como substituto.

"Foi aí que pensei pela primeira vez que não podia continuar assim"
Naquele momento, o técnico Bruno Conca (na época) me chamou e disse: "Posso falar um pouco?"
"Por que o Keigo se esforça tanto durante as partidas, mas não se dedica 100% aos treinos diários?"
Essa pergunta atingiu um ponto sensível. A partir daquele dia, ele mudou o olhar e também a forma de encarar o dia a dia. Aprendeu, agradeceu e suou. Quando tirou as mãos dos bolsos e começou a andar, a paisagem também mudou. Keigo HIGASHI, que "originalmente não era do tipo que se interessava pelas pessoas", percebeu que tinha muitos exemplos próximos a ele.
"Ver a postura do Sr. Nyuu (Naotake HANYU) e do Sr. Nao (Naohiro ISHIKAWA) pode ter sido algo muito importante. Essas pessoas sempre pensavam no time. Mas, quando estavam em campo, também conseguiam mostrar suas qualidades. Isso foi realmente um grande aprendizado. Eu também tive muitas oportunidades de sair para comer com o Sr. Nao e conversamos sobre várias coisas. Ao ouvir sua paixão por Tóquio, naturalmente comecei a querer fortalecer ainda mais este time. Por isso, meu apego e sentimento por Tóquio foram ficando cada vez mais fortes."
Fui impactado pelas costas de quem sobreviveu ao rigoroso mundo profissional com um corpo pequeno e pela luta interna enfrentada ao carregar lesões. Esses sentimentos começaram a surgir naturalmente.
E então, vendo Hanyu como um excelente coadjuvante que apoia a equipe, ele começou a se identificar com seu próprio futuro. Higashi continua.
"Eu sempre fui um jogador que precisa coexistir com os outros ao meu redor. Não sou do tipo que faz algo sozinho, preciso estar em sintonia com os outros. Isso foi algo que aprendi com o senhor Nyu."
Para o time, continuo apoiando alguém tanto no ataque quanto na defesa. Estou sempre atento ao redor, preenchendo as lacunas. Nunca deixo ninguém sozinho no campo.

Você nunca caminhará sozinho (君は一人じゃない)――。

Antes que percebesse, aquela frase já combinava com o jogador.


(Continuação)

◇Keigo HIGASHIPerfil


texto por Kohei Baba